quinta-feira, 21 de junho de 2018

Legado


Demoro tanto a escrever nesse blog, que sempre que volto me sinto na obrigação de falar da motivação.

Tenho vivido mares revoltos, bem difícil ter vontade de registrar algo, apesar de que revisitar-me lidando com tudo, bem ou mal, é de grande valia pra mim amanhã. Preciso superar barreiras, aliás, sempre...

Talvez eu esteja bem envolvido nas coisas mundanas, mais que antes, mas quando algo de importante me inspira, vou avido realizar o processo de reflexão e crescimento, por hora raro.

Na verdade a inspiração está todo dia ao meu redor, preciso focar no que realmente é realidade. Vou tentando...

Tenho passado muito tempo na casa de minha vó, a velhinha está com 92 anos, com Alzheimer avançado, me reconhece as vezes. Inclusive muitas reflexões eu tive sobre a felicidade dela, considerando o contexto de total dependência e juízo falho.

Em meio essa condição, uma reflexão bem recorrente é sobre a concepção de felicidade pra ela. Em todas limitações, cama, cadeira, sopa, suco... Ela é feliz?

Em meio aos afagos e carinhos dela, percebi que a  minha percepção do que é felicidade não é capaz de traduzir o que seria pra ela, hoje. Tenho a impressão que, na peneira dela, felicidade é cada gesto de dedicação, traduzido da gratidão das pessoas que a amam. Essa impressão vem dela, sem juízo, mas do olhar, retorno aos carinhos.

Das coisas que mais me trouxeram orgulho e esperança nessa vida são meus filhos e a dedicação da minha mãe e tias em cuidar de minha vó.

A gratidão é um dos sentimentos que mais mudam as pessoas em direção do bem. Toda dedicação e dificuldades com gratidão é plenitude... Amor!

Vendo tudo isso, percebi que felicidade pra minha vó chama-se LEGADO. E ela deve sentir muito orgulho da participação dela nesse mundo. Legado é algo que fazemos por amor, não só a nós e aos nossos, mas ao mundo inteiro.

Posto todo esse contexto, o que me inspirou foi estar na hora do almoço no dia em que uma de minhas tias iria fazer compras.

Após o almoço, quando eu iria descansar meia hora antes do turno da tarde, vi que tia Lurdinha, mãe de Cacá e Janaína, verdadeiros irmãos de vida e de alma, estava saindo pra o supermercado, sem carro.

Em meio a truculência de "não incomodar" ela negou ajuda, mas eu a convenci e acabei a levando e a buscando com a feira no mercado. Não acho especial isso, acho obrigação...

Na verdade ela não toparia essa ajuda, não quer "dar trabalho", imagina?

Mas convenci ela a ceder explicando o quanto me sentia privilegiado de poder ajudá-la, que não custa nada pra mim, na verdade me faz feliz poder fazer essa gentileza pra ela.

Fiquei inspirado em ter oportunidade de apoiá-la, e isso sim é especial pra mim.

Especial pra mim é pensar sobre legado ainda no início de minha vida. É poder contribuir para fazer o dia de alguém melhor, isso realmente nutre minha alma.
Desejo que quando eu estiver bem cansado disso tudo, e mergulhado na vida mundana, eu esteja atento a algo simples como  hoje esse encontro faça meu dia e meu ser melhores.