sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Sextou

 


Não sou muito simpático a termos da moda e “sextou” considero um deles. Tenho inclusive críticas a esta conotação utilizada nesta expressão que, hoje, é bem usual nas redes sociais.

 

Mas, o incômodo com a expressão diz respeito ao que fizeram com ela. Como se abrissem mão de 5 dias úteis em vida, como se só houvesse alegria em determinado dia, data, lugar...

Aqui ‘sextamos’ diferente...

Criamos o hábito, eu e Theo, de sextarmos juntos.

A circunstância de terminar os dias úteis da semana e inaugurar a recorrente trégua do fim de semana juntos, vem também do fato de Juliana estar ocupada na sexta e geralmente no sábado... É o dia mais movimentado na biscoitaria. Daí ficamos juntos, só nós dois normalmente, é incrível!

 

Sempre tivemos um cantinho só nosso, acho que na pandemia nomeei isso. Eu e theo lado a lado (aula e trabalho onlines. Rsrsrrs) no intervalo do almoço um banho de piscina...

 

Nunca escrevi isso, mas uma das lições mais valiosas sobre a vida tive na construção deste cantinho; era pandemia... Sempre tirava um cochilo de meia hora no intervalo do almoço, assim sou mais produtivo, acho que funciona bem pra mim. Mas, nesses dias de pandemia os quais tivemos a sorte de estar em segurança na casa de praia em um condomínio vazio, na hora do almoço, ia tomar banho de piscina com theo.

 

Eu acho que essa experiencia me mudou, ou marcou uma mudança...

Até então, todos meus horários de almoço tinham uma atenção dividida...

Nesse intervalo sempre tinha a mente permeada do planejamento das atividades que faria a tarde, ou de algo que deixei de fazer pela manhã...

Ironicamente, naqueles momentos de hora do almoço na piscina de Tamandaré, durante a pandemia, consegui substituir todas as distrações do que não fiz e do que teria de fazer pela observação do sorriso dele dando uma bala de canhão.

Na entrega plena vem a construção de algo tão grande, mas tão grande... Que ainda tento decifrar. Tento me lembrar o que me inspirou a me despir do antes e depois para viver o agora.

Lembro que pensava muito nos pais que não podiam estar com seus filhos, em meio a pandemia, trabalhadores da saúde não tinham esse direito, e nem sei como conseguiram exercitar suas atribuições sem a recarga tão importante que é estar junto, abraçado e agarrado nos seus. Imagina... que grande provação!

 

Sentia-me na obrigação de viver aquilo pelo privilégio que tinha de poder fazê-lo.

Abri a porta daí...

 

Tenho uma coleção de grandes momentos com o Theo, e tantos por vir...

Gargalhamos juntos todos os dias, até nas segundas despretensiosas.

Acho que ele tem crescido e já tem capacidade de entender o quão os adultos estão perdidos... Vou alertando-o aos poucos, certamente ele sofrerá com a solidão que pressupõe viver o agora, mas melhor sentir-se só do que viver na superfície do que esperam de nós.

Acho que o inevitável sofrimento e solidão não superam a grandeza e privilégio de ser feliz nas coisas simples, valorizar o que temos.

Felicidade na real é uma capacidade de se comover com algo belo que nos ocorre, de nos surpreender com uma paisagem no caminho. Além disso, a felicidade assim, percebida e sentida, FELICIDADE ATENTA, nos fortalece e leva ao próximo passo. A partir dela estamos pronto pra tudo!

Vamos juntos thereco, viver de domingo a domingo.

 



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